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Repense o momento: Gestão de Empresas com Fluxo de Caixa do Acionista

Esse artigo foi construído com o objetivo de ampliar os conhecimentos inserindo um novo ambiente de gestão. É chegada a hora de reinventar e fundamentalmente, voltar as atenções para dentro da empresa, preocupando com a proteção do negócio e com a geração de caixa e lucro.

Administrar uma empresa no momento econômico e político atual, é de fato um desafio que demanda um árduo esforço tendo em vista alguns fatores, como, taxas de juros elevadas, restrições de crédito, retração do mercado, do nível das atividades e relação com fornecedores.

Momentos como esse requerem a adoção de técnicas de gestão que contenham modelos que articulem visão econômica e financeira numa leitura fácil e eficaz dos resultados, concentrando esforços, visando a geração de caixa, implicando em aumento de liquidez, gestão do capital de giro e investimentos.

O grande desafio está em conciliar os resultados das operações de vendas e seus respectivos lucros com a gestão da necessidade de capital de giro, principalmente contas a receber de clientes e estoques e das fontes de recursos, principalmente fornecedores.

Adotar uma gestão empresarial criativa é o primeiro passo a ser dado, contar com o apoio de uma contabilidade inteligente, participativa, comprometida com o empresário e capaz de orientar na busca de soluções, é o que fará a diferença. Acreditar que somente com criatividade, inovação e conhecimento a superação será alcançada.

É importante encontrar respostas para perguntas do tipo: Sua empresa tem informações sobre qual é a necessidade de capital de giro? Qual o caixa disponível para cobrir a necessidade de capital de giro, realizar investimentos e liquidar dívidas bancárias? Sua empresa apresenta geração de caixa próprio? E por fim, sua empresa cria Valor?

A gestão financeira não é uma responsabilidade exclusiva da gerência financeira, ela envolve a empresa como um todo. É um processo abrangente, que sofre impactos das ações tomadas nos demais departamentos da empresa.

O fluxo de caixa é o instrumento de projeção que possibilita aos gestores determinar as necessidades financeiras a curto e longo prazos, permitindo, conhecer de forma clara a época em que irão ocorrer as entradas e as saídas de caixa. Consiste na representação dinâmica da situação financeira, considerando todas as fontes de recursos e todas as aplicações em itens do ativo.

O principal objetivo do fluxo de caixa é dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como as operações financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo operacional, dentro das disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da organização. Visa prognosticar a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações mais rentáveis para a empresa.

Os três níveis de fluxos de caixa que precisam ser gerenciados são:

A) Fluxo de Caixa Operacional

São as entradas e saídas diretamente relacionadas à venda de produtos ou serviços. Esse fluxo parte do resultado, seja ele lucro ou prejuízo e da variação das transações das contas operacionais de estoques, contas a receber, fornecedores. Pode ser considerado o mais importante fluxo de caixa a ser gerado, pois retrata a Geração Própria de Caixa. Quando maior for a geração própria de caixa, menor será a dependência de financiamentos bancários e a realização de investimentos em ativos imobilizados.

B)Fluxo de Caixa Livre

É o volume de fluxo de caixa disponível para liquidar dívidas bancárias, após a cobertura de todas as necessidades operacionais e o pagamento de investimentos em ativos fixos.

Para obter o fluxo de caixa livre deve-se tomar o fluxo de caixa das operações da empresa, considerando para isso os gastos adicionais com a necessidade de capital de giro em ativos imobilizados e intangíveis.

C) Fluxo de Caixa do Acionista

É o fluxo de caixa disponível para os sócios após o pagamento das necessidades operacionais, de investimentos em ativos imobilizados e do pagamento do valor principal das dívidas financeiras, cujo saldo disponível estaria à disposição dos sócios para distribuição de dividendos ou mantidos na empresa como lucros retidos para a perpetuidade da empresa.

 

A figura abaixo demonstra claramente a abrangência do Fluxo de Caixa do Acionista.

 

Fluxo de Caixa do Acionista

Fonte: Elaborado pelo autor

 

A ferramenta apresentada harmoniza o Balanço Patrimonial, que proporciona uma visão financeira da empresa; a Demonstração de Resultado, que se destina a identificação dos lucros ou prejuízos obtidos, e a Demonstração do Fluxo de Caixa, que objetiva demonstrar como os recursos foram captados e aplicados, bem como a flutuação do caixa disponível entre o início e fim do período. A partir dessas demonstrações financeiras, são extraídas informações que auxiliam os gestores na tomada de decisões. Como por exemplo: volume de receitas com vendas, lucro líquido obtido, gestão do capital de giro (variação da NCG – Necessidade de Capital de Giro), geração própria de recursos através do fluxo de caixa operacional, análise das decisões de investimentos, análise das decisões de financiamentos e fluxo disponíveis para os acionistas por departamento.

De acordo com as demonstrações apresentadas, algumas recomendações ajudarão na obtenção de melhores resultados, tanto de caixa quanto de lucro.

 

A) Fluxo de Caixa do Acionista com Geração Própria de Caixa na Gestão da NCG

  • Gestão dos Estoques
  • Gestão do Contas a Receber
  • Gestão do Contas a Pagar

B) Na Gestão do Resultado

  • Redução de Custos e Despesas de forma racional
  • Atuação nos Custos Invisíveis e Custos Injustos
  • Eliminação de Gargalos
  • Inovação para aumento das Margens

C) Adoção de Orçamento Base Zero

  • Planejamento financeiro e econômico
  • Valores Racionais
  • Controles Austeros
  • Avaliação de Desempenho
  • Fluxo de Caixa DIÁRIO e PROJETADO

D) Priorizar Processos

  • Revisões e Adequações
  • Adoção de Novos Padrões
  • Otimização de Ações
  • Adoção de gestão eficaz que permita identificar a relação entre ganhos e perdas, seus processos e os respectivos custos. Prioridades nas tomadas de ações e decisões, levando em consideração o custo / benefício.

E) Envolver as pessoas

  • Desenvolver as lideranças
  • Trabalhar a prontidão para mudanças
  • Engajamento

 

Diante do exposto nesse artigo, é visível que a principal razão da existência das organizações modernas é a geração de valor para seus investidores, ou seja, a sobrevivência de uma empresa está estritamente relacionada com sua capacidade de gerar riqueza aos seus acionistas, superando suas expectativas e, consequentemente, as taxas remuneradas pelo mercado. Sendo assim, a gestão do fluxo de caixa é de suma importância, tendo em vista que ela oferece as informações de forma tempestiva e que, se trabalhadas de forma apropriada, certamente gerará valor aos acionistas.

 

REFERÊNCIAS

 

ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração financeira. 3ª ed. SP, Atlas, 2014

BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empresas – Um Modelo Dinâmico; 4ª ed; Rio de Janeiro, Qualitymark; 2001

FLEURIET, Michael; KEHDY, Ricardo; BLANC Georges. O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas brasileiras: um método de análise, orçamento e planejamento financeiro, Rio de Janeiro: Campus, 2003

FLEURET, Michel; ZEIDAN, Rodrigo. O Modelo Dinâmico de Gestão Financeira, Alta Books Editora, 2015

PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação – 2ª ed. SP – Cengage Learning, 2009

 

NOTAS SOBRE O AUTOR:

 

Formação:

  • Mestre em Administração em Finanças pela Fundação Pedro Leopoldo;
  • Pós-graduado em Controladoria pela PUC Minas;
  • Bacharel em Ciências Contábeis.

 Principais atividades profissionais:

  • Sócio Diretor da Consultar Soluções Empresariais;
  • Professor da Fundação Dom Cabral;
  • Professor e Coordenador nos cursos de MBA da PUC Minas;
  • Consultor Financeiro da Abracaf, Grupo Simões (Fabricante Coca-Cola), Fiat Chrysler Automobiles (FCA), CNH Industrial, Magneti Marelli e Iveco;
  • Consultor do Projeto World Class Dealer (WCD) para Rede de Concessionárias Fiat;
  • Atuou como Diretor e Consultor nas empresas: Seven Boys, Camargos Junior S/A Minerações, Laboratório Hermes Pardini, Telemig Celular (VIVO), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG);
  • Participação em feiras e em negócios internacionais.

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